terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Pedaços de mim, pedaços de ti

Se um avesso de algo
me invadisse, me tomasse,
não saberia defini-lo
na falta de ti.
Se meu outro lado
me abandonasse,
não poderia perde-lo;
que mesmo ausente,
o sentiria em mim.


Porém, se sinto que te perdi,
me engano, dizendo-me
ter ainda tua alma.
Mas, como sentir-me assim
se agora sem ti
já nem mesmo me tenho?

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Amigos

 Um poeta disse:
 amigo é coisa pra se guardar
 do lado esquerdo do peito.
 Outro poeta falou:
 amigo é quem a gente trata
 do igual pro igual.
 Não sou poeta.
 Não falo bonito assim.
 Só acho que amigo é o companheiro
 de segredos e de silêncios.
 De muitos risos que às vezes
 nos parecem poucos
 e de poucas lágrimas
 que sempre aliviam muito.
 Amigos enfim, os guardo em mim,
 porque certeza tenho,
 que também eles,
 guardam-me em si.
 Amigos guardam-se.
 Sempre.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Egoismo

Penso na vida
que levamos agora;
vida que nos leva
para onde não sabemos.
Penso nos anos que nos deram
cabelos brancos;
quilos que carregamos de nós.


Penso na noite
que logo sairá de ambos,
trazendo um novo dia
e com ele, nossos sempre
velhos problemas.


Em nosso pesado silêncio,
pensamos nós,
se melhor não seria
a explosão dos gritos
para sufocar o mutismo.
E se já não caberia
um pouco do outro
nesse nosso tolo egoismo.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Luares

Ansioso, a esperava
como se espera a lua.
Aguardava a noite,
para guarda-la em mim.
Apanhava a tristeza
daqueles olhares
e inquieto, espreitava-os
em sedenta paixão.


Noites e madrugadas
chegavan e partiam
e eu não as retinha;
não a fiz permanecer
em nossos luares e estrelas.
Agora, a noite sem lua
me abraça quase sempre.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Batalhas

Tentei matar dragões,
engoli meu próprio fogo,
sorri para alguns corações
e tolo, enganei-me;
fingi tanto naquele jogo.


Admirei-me no espelho,
em caretas e fáceis risos,
dei-me alguns conselhos
e surpreendi-me
com tanta falta de juízo.


Rezei para anjos poucos,
declarei a minha guerra.
Fui ao inferno na terra
e a salvação não me veio.
Admirei os outros, os loucos
e agora, na minha fé,
tristemente, já não creio.

Silêncios

Já não me seguro mais
neste porto,
nesse corpo cansado
e já meio morto.
Já não me prendo mais
nesta casa,
nesta sala
onde a solidão me fala.

Já não me espero mais
nestas esquinas,
nem me consolo
nos olhares e retinas
dessas pobres meninas.

E já nem me falo,
prefiro silêncios e restos;
porque não me presto,
então, me calo.

Ontem, outra morte

Foram tantas mortes
que me chegaram
e umas poucas vidas
só me restaram.
Nalgumas, morri de amor,
noutras, morri de dor.
Tantas vidas desperdiçadas
e outras, maltratadas,
na ânsia de acertos
e poucos nortes,
à me trazerem sorte.

E despi-me e depurei-me.
Com poucos corações, consolei-me.
Então, continuo igual,
tão fraco e tão forte.
Tão poucas vidas,
para tantas mortes !

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Tristes dias

Estes tristes dias,
divididos em drágeas,
tomados em pequenos goles,
pequenos goles de nada.
Estes tristes dias,
divididos em doses;
dias ásperos e enterrados.

Que tornam-se meses
e tornam-se anos;
desumano jeito de cura,
onde tudo só parece ser,
onde nada do que se quer ter
nos é dado agora.

Tristes dias estes,
de se passar um tempo
e de se fazer hora.
De se esperar apenas,
por quem foi embora.