quarta-feira, 30 de junho de 2010

Miragem

Ora, me falar de estrelas,
como se elas fossem daqui.
Finjo que sonho ao vê-las;
sonho igual sonhava em ti.



Que anjos e putas procurei
o amor que em mim ainda vive
e em tantas camas busquei
aquela foda que um dia tive.



Eu não voo mais, igual antes,
agarrado ao teu corpo e ao meu;
só vejo, por breves instantes,
estrelas olhares, iguais aos teus.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Mentiras

Posso passar as noites na tua cama,
apaixonadamente, fazer amor contigo,
dizer que te amo desesperadamente
e ser teu amante, também teu amigo.

Mover céus e terras por tua causa,
chegar todos os dias trazendo flores,
dizer carinhosas  palavras, ser mel
e escrever poemas, falando amores.

Porém, não se engane, serão só loucuras
e nem se iluda, serão simples poesias
ditas e feitas com o carinho que juro.

Mas,  não posso ser o amor que procuras;
eu e meu coração, sobrevivemos aos dias
e só para não morrer, é que te procuro.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Porra meu !

Levamos porrada a torto e a direito;
na cara, nos cornos, em tudo.
Cada soco, tem  o peso de quilos,
quilos de dores, de agonias e de rancores.
E nem podemos revidar,
somos bem educados, bem quistos
e bem criados.
Então, porque apanhamos ?
O Jabor disse um dia :
brasileiro apanha para deixar de ser besta.
Quem manda ser bonzinho ?
Os bons sempre apanham dos maus,
é uma das leis de nossas sofridas vidas.
Bem que gostaríamos de um pouco
de sossego. Levantar as seis da manhã,
encarar um trabalho honesto
e depois, chegar em casa,
abraçar a família e assistir o Jornal Nacional.
Mas, além das pancadas que levamos,
é só desgraça o que assistimos.
É porrada para todo o lado !

terça-feira, 22 de junho de 2010

Com gosto de chocolate ***

Vim fazer-te uma visitinha,
sorrir um pouco com teu riso,
chorar outros tantos pesares,
misturar alegrias e tristezas,
combinar amores e olhares.
Me perder em teu doce colo
no aconchego que preciso
e quem sabe até tomar
um chazinho de juízo;
porque perdi ele todo
desde o último amor vivido.
Uma visita breve (talvez),
embalada em mansidão,
querendo um pouco da paz
que há em teu coração.
Querendo te experimentar,
pra sentir o gosto que tens;
se és feita de chocolate
ou de sabor que ainda vem.

Talvez me demore ou fique
e me eternize em ti.
Veja o mundo de outro jeito,
de um modo que nunca vi;
com gosto de amor perfeito !

***À você, Leoa.

Nossas solidões

A nossa terrível solidão,
nos mostra o lado sofrido
do amor feito sem tesão,
do envergonhado gemido.
Nosso encontro acontece
naquelas esquinas tristes,
onde a gente se parece,
onde o poema não existe.

Um sem jeito, outro sem cor,
só procuramos chegar a um final;
disfarçamos toda  nossa dor,
perdidos em nosso próprio quintal.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Valetes

Que triste amor, agora,
deitado em nossa cama,
tão melancólico chora,
dizendo que ainda ama.

Nossos cansados corpos
procuram tolas desculpas,
que hoje, estão tortos,
pesados de tantas culpas.

Ah ! Sofridas almas somos,
de tantos furtivos olhares,
restos do que outrora fomos;
separados, estamos pares.

Agora, valetes nós somos;
cabeças sempre contrárias
interrogando dedos calados,

perguntando o que fomos
em nossas vidas ordinárias,
nesses corpos mal amados.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Outras meninas

Talvez, eu tenha perdido
o encanto de olhar para ti
todos os dias, sem saber
se pelo menos, te vi.

Talvez, meus olhares tenham
cansaço de só te olhar,
então, te esqueceram
num rápido e simples piscar.

Aos meus olhos, não és a mesma,
porque o tempo, se prestou
à trazer-me tantas dores.
Então, fitam outras meninas,
entre íris d'outras cores.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Um tempo

Um tempo sem poemas.
Sentimentos assentados,
nem precisei de rimas;
passei até por cima
d'alguns versos alheios.
Pode até ser que pareça
um tanto quanto feio,
mas, fiquei sem letras;
as tuas e as minhas.

Um tempo para nada,
quis só minhas cervejas,
preferi todas as músicas.
Todo eu descanso,
desse tanto tempo
em que não te vi.
Foi bom te esquecer,
dar-te àquele vento
para levar-te daqui.

Agora, pode voltar,
se ainda assim quiser;
estou mais aliviado,
bem mais descansado
de pensar em ti.