quinta-feira, 27 de maio de 2010

Puta poema louco

De repente, ficou sem sentido
aquele poema que fiz pra ti;
porque gozei naquelas letras,
imaginei tuas curvas e tetas
e rimei com o tesão que senti.

De repente, fiquei feito louco,
pensei que poesia fosse assim;
rimar loucuras e devaneios,
escrever sobre meus anseios,
querendo adivinhar-te em mim.

De repente, puta poema louco,
que saiu em versos e cismas;
procurando agradar um pouco,
acabei misturando as rimas.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Nossas rimas

Embora você não perceba,
passeio sempre pelos teus cantos.
Mas, é porque às vezes,
o silêncio me cai bem
(acho que o Peninha,
já disse isso também).

Embora você não saiba,
fui aquele mesmo vento,
que  primeiro, passou por aqui
depois, resolveu te visitar.
Desconfio ser vento saudade,
porque me levou até aí,
feito um poeminha bobo
que você leu e gostou.

São esses os nossos carinhos,
feitos de poucas palavras
porém, de muitos caminhos.
São versos que procuramos
ou às vezes, que nos buscam
e quando as rimas combinam,
o verso fica perfeito;
por isso, que nos buscamos

sábado, 15 de maio de 2010

Poema imperfeito

Quando eu completar
o poema mil,
mesmo assim, faltarão virgulas,
faltará o til.
E se for o derradeiro,
ainda as palavras
não me bastarão.
Porque corro atrás
do verbo perfeito
e vejo a imperfeição
em cada verso feito.

E eu já  não tenho mais
tempo de procurar.
Em cada busca minha,
se confundem sentimentos
e quando o coração se abre,
formam-se mil poemas
de amores e sofrimentos.

Vale tudo

O cara pintada,
o sem teto,
o sem terra,
o sem nada.
Uns pentelhos,
enchendo o saco
de quem tem algo,
porque trabalhou pra ter.

O cara de pau,
o sem asfalto,
o sem vergonha,
o sem porra alguma.
Uns pobres coitados,
que na verdade,
de pobre, nada tem,
porque recebem
vale transporte,
vale estudo,
vale filhos,
vale gás,
vale tudo.

É, vale tudo mesmo,
só não vale trabalhar !

Disfarce

Queria eu, ter podido enfrentar
com a melhor aparência possível,
as tragédias de toda minha vida
mas, a cada baque, dor terrível.

Queria eu, ter podido guardar
todas as dores, num cantinho;
vez em quando poder lembrar
e visitá-las só um pouquinho.

Mas, querer nunca foi poder,
envelheci mais do que devia;
que se fosse por meu querer,
recolheria rugas e esconderia.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Cá pra nós

Pintamos o sete, falamos bobagens
e escrevemos besteiras, às vezes
sem nem saber o que dissemos.
Nos vemos em olhares alheios,
nos intrometemos à torto e direito;
somos na verdade, uns pentelhos
Rasgamos os dos outros,
guardamos os nossos
e aguardamos respostas;
a escrita da vida inventada,
tendo como pano de fundo
os rascunhos amassados e
a tampinha da caneta rasurada.

E quando alguém um dia,
acha um saco nos ler,
com mastigadas palavras,
o mandamos se foder.
Mas, o poeta que se preza,
encontra sempre um que gosta,
dez que puxam o saco e
uma centena que o despreza.

Negrume

Piscou pra mim e partiu.
Mais adiante, apagou-se
pra que não a seguisse
mas, fechei olhos e enveredei
por caminhos, vielas tristes
onde se escondem e se guardam
tantas estrelas que não brilham.
Pisquei pra me acostumar
com tantas escuridões e velas
e então, a encontrei.
Despi-me das ignorâncias
que sempre me acompanharam
e agora, sem me iludir,
resolvi com ela ficar.
Fechei meu pobre e tolo olhar
e, seduzido pelo negrume,
finalmente vi a luz !

Orgasmos

Dizem que todo orgasmo
nos leva sempre ao paraíso,
nos faz perder todo o juízo,
nos transforma em espasmos.

Dizem até que todo gozo
faz a alma ficar mais leve.
Um poema que se escreve;
pena pluma que faz pouso.

Dizem também que deixa louco,
porque o primeiro, pede mais,
corre sempre atrás de outro
e gozado,  que não se satisfaz !

domingo, 9 de maio de 2010

Rancores, bonecas e carinhos

Tem a mãe desnaturada,
tem aquela que não nasceu
para ser mãe, mas quis ser,
só que não aprendeu a amar,
então, trocou carinhos
por rancores e pancadas.
Tem a mãe que não é mãe,
porque larga os filhos nas mãos
que não são de mães.
E tem aquela menina,
feita mãe antes do tempo,
que confunde filha e boneca
e porque ainda não sabe
de responsabilidades,
acaba carregando ambas pelos pés.
Para todas essas mães,
tem a verdadeira mãe,
que ensina e pacifica,
que amamenta filhos
mesmo depois de crescidos
e mesmo que eles
já não estejam mais aqui,
são eternos, sempre,
enquanto vida houver no coração
da verdadeira mãe.

sábado, 8 de maio de 2010

Desarrazoado

Pensando bem,
você não é lá tudo isso.
Não tem peitos grandes,
bunda igual tantas outras
e olha que cá entre nós,
já vi bunda pra caramba.
Então, sabe-se lá
o que vi em você;
as pernas não foram,
que são finas demais.
Tá certo que teu sorriso
cativa todo mundo mas,
fora isso, o que mais ?
Agora que se foi,
busco razões que tenham feito
eu gostar tanto assim
e não encontro uma sequer.
Estranho, não é ?
Acho que quando você partiu,
além de carregar coisas tão minhas,
levou também o que hoje procuro:
a razão de eu te gostar,
sem nem mesmo saber porque.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Sem pé, nem cabeça

No poema bobo que fiz pra ti,
escrevi mil palavras de amor.
Com amor, mil palavras escrevi,
no bobo poema, que fiz cor.

Nas rimas besteiras que usei,
fiz-me todo de anjo sem ser.
Sem ser anjo, fiz-me e abusei,
ousei besteiras rimas escrever.

Verso sem pé nem cabeça saiu,
louca escrita, do louco coração;
o coração, a escrita louca pariu,
sem cabeça, nem pé, só paixão.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Avenida Mulher

Creio que me enganei de rua,
na verdade, queria entrar
naquela que cruza com a tua.

Por certo, peguei rua errada
e depois de muito caminhar,
cheguei onde não deveria:
voltei para o mesmo lugar.

Preferia outra rua qualquer,
que tivesse saída em ti,
avenida chamada mulher !

Melancolia

Nunca vi tanta dor num olhar,
como vejo no teu;
tristes olhares que se afogam
em lágrimas que hão de vir.
Não sei da cor dos teus olhos,
que já perderam cores,
quando foi-se o teu sorrir.
Nunca vi tristeza tão imensa,
enquanto tentas ainda
meio sem jeito, disfarçar
com sorrisos e agrados
que já não te  pertencem;
foram-se, bem antes de ti.


Eu, que tentei ainda buscar
alguma alegria que restasse,
encontrei melancolia e dor
muito mais do que esperava
e assustado, então fugi.
Sabes  que fui te procurar,
porém, tua imensa tristeza
quase conseguiu me afogar.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Sopro

Daquela bolha, que tu me fizeste
e que durou, durei alguns segundos,
o bastante para flutuar mundos
na pouca, linda vida que me deste.

Naquela bolha, em que me tornei,
soltei asas e voei  nas tuas cores.
No mais ínfimo tempo que durei,
na retina, guardei esplendores.

E na colorida bolha que fui eu,
absorvi teus ares e pensamentos.
Aquele tantinho que se perdeu,
podem todos ver no firmamento.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Olhos profundos

Vou me procurar nos teus olhos mundos,
sem muita esperança de te encontrar,
que são eles, poços verdes e profundos,
nos quais um dia, ousei mergulhar.

Não sei se me procurando dentro de ti,
me encontro talvez,  n'alguma parte tua;
um dia assustei-me, porque não me vi
quando andei à esmo pelo teu corpo rua.

E se por acaso, pergunto por mim,
você se cala e sem jeito, até me sorri,
então, não sei se isso é bom ou ruim.

Nem sei, se me guardas escondido
ou me jogou fora do teu coração
e por isso, sinto-me tão perdido.

domingo, 2 de maio de 2010

Quaresma

Não quero mais ver-te todos os dias,
nem quero teu rosto dando conselhos.
Leve daqui teus grisalhos cabelos,
leve embora esse teu cansaço
para bem longe do meu espelho.
Sem saber explicar porque,
até hoje, esses teus olhos
que me olham diariamente,
são olhares que enganam,
são olhares de quem mente.

Não quero mais ver-me tão triste,
porque perdi a conta dos dias
em que tentei sempre consolar-me
e via teu dedo em riste.
Concluo que não gosto de espelhos,
nem das verdades que ele mostra;
nu e cru, incapaz de mentir,
mostra-me imagens que quero esquecer.

Então, cubro agora nossas faces,
silencio as acusações dos olhares
e já que não me entendo comigo,
vou-me embora, levando pesares.

À primeira vista

Quando olhei teu retrato
e te conheci, te reconheci.
Soube logo, que contigo
perderia todo o respeito.
De longe, sem se verem,
nossos olhares se cruzaram
e foi em um piscar de olhos,
que apaixonados ficaram.

Quando vi teu meio sorriso,
fiquei mesmo, meio sem juízo,
porque não te decifrei;
na mistura do acanhamento
que só moça da roça tem,
tua simplicidade contemplei.

E nem sei se caipira és.
Nesse teu jeito de mato,
te enxerguei igual flor;
quando menos você esperar,
corro até aí e te cato.

sábado, 1 de maio de 2010

Meu velho

Gostaria de te ver envelhecido.
Um pouco senil, talvez, com aquelas manias
que têm os velhos, porém, do meu lado.
E essa tua falta, me traz a certeza
de que eu teria paciência contigo;
a paciência que eu não tenho com netos,
sei que terias comigo,
pois, teu mundo era outro.
Tempo de senhores e senhoras,
tempo do "por favor" e do "desculpe".
Pensando bem, acho que não irias
se acostumar com nosso hoje,
hoje, existe o "tem a manha" e o "foi mal".
Hoje, jovens ficam adultos mais cedo;
colheita temporã, em que,
amadurecidos antes do tempo,
são frutos insossos e frágeis.
Mesmo assim e apesar de tudo,
gostaria de ter-te aqui, comigo.
E essas diferenças e dificuldades,
tenho certeza, tiraríamos de letra.
Nossos amanheceres, teriam esperança,
o dia transcorreria com aquela calma
que só o companheirismo pode trazer
e nosso anoitecer, teria a certeza
de conversas amenas e sábias.
Então, o nosso tempo, só o nosso,
seria um outro tempo.
É isso aí, meu velho.