Acordo outra vêz de ressaca,
um gôsto de buceta na boca
-aquela que não chupei-,
na roupa, um cheiro de cigarro
-aquele que não fumei-;
cuspe na pia, escarro.
Impressão de foda mal dada
-aquela que eu não dei-,
saudade de alguém incerto,
cãibra nos dedos,
decerto da punheta tocada;
amor solitário, gozo bôbo.
A mulher enchendo o saco
e eu, faltando só um pouco
prá mandar isso tudo
à puta que o pariu.
Dar uma de louco,
sair de casa, apenas
com a roupa do corpo,
fingir que estou morto
e renascer noutro lugar.
Chamar a morena da esquina
e me embebedar.
Namorar outra vêz
o namoro que faz tempo
já não namoro mais.
Deixar para tràz
o resequido corpo
que outrora me queria,
quando ainda não havia
dores prá doer,
lágrimas prá chorar.
Mas, amanhã será tudo igual,
até o dia em que eu resolva
ficar novamente de mal;
virar notícia de jornal
na seção de falecimentos.
Meus sentimentos !
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