segunda-feira, 25 de abril de 2011

Tolices

Sinto-me um tolo curioso
olhando pelas frestas alheias,
querendo enxergar tristezas
que não são as minhas;
tentando olhar alegrias iguais
de como quando vinhas.
Assim, de tolice em tolice vivo
e em passos mal dados, sigo.

Sinto-me um desses tais
que acorda todas as manhãs,
que pelo carinho do sol agradece
mas, conforme segue o dia,
sem explicação alguma, entristece.
Que de tristeza em tristeza,
viaja por tantos corações
e diz em poemas suas emoções.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Um poema apenas

Procuro um poema
que seja a sua cara.
Uma música, uma letra
que expresse minha tara.

Busco ter-te em tudo
e se for em rimas,
nas prosas te vejo;
é em corpo e alma
que te desejo.

Mas, este é um poema apenas,
igual á tantos outros,
parecido com um só,
ou imitando várias centenas.

Por acaso

Um esguio corpo,
uns brancos cabelos.
E nós, os dois em pelo,
ansiando cada um
à encontrar seu porto.

Nem sei se nos merecíamos,
nas douradas manhãs,
nos ocasos dos dias;
algo por acaso, surgia
se nos bebíamos aos goles
ou nos arrancávamos
em pequenos pedaços.
Se nos engolíamos tudo,
naquela ânsia vã.

Que inocentes, não éramos,
naqueles nossos abraços.
Tão sós, tão juntos
em que cada um, adormecia
em seu próprio cansaço.

Passado

Passarei depressa rumo às solidões,
não sei se terei outros invernos, verões.
E nos meus escuros, sem luz alguma,
pequenas lembranças, até que me suma.

Mas, não é de morte que agora falo,
é dos meus silêncios onde me calo.

E não é de sofrimentos, nem de dores;
é da escura falta dos meus amores.

Incertos dias

Tem dias que acordo triste,
dias que acordo morto
e morto, caminho pra noite;
noite da minha morte.
E até me acho com sorte.

Tem dias que são assim,
dias que são felizes,
felicidade sem motivo algum.
Um que de alegria no ar,
mas, que logo se esvai,
se vai sem querer ficar.

Tem dias que são os meus,
dias que roubo dos teus,
porque nossos dias se foram.
Tão claros eram os dias,
tão noites os dias ficaram.

Vulgaridade

A boca banguela sorriu
um sorriso sem dentes,
um riso sem graça
da infeliz vida dela.
E a mesma boca que riu,
xingou a desgraça pouca
que chegou tão depressa,
demorou-se um pouco mais
à tirar-lhe tantos ais.

Olhos estranhos esses,
que não mostram almas,
só riem assim, tristes.
Uns pálidos olhares
que não são janelas
de ninguém e de nada;
só mostram a tristeza,
de serem tão vulgares.

Momento

O que passou por aqui,
foi um fio, momento tesão.
E foi tão frio meu verão,
naquele adeus que morri.

O que passou, por fim,
foi um raio, um trovão.
E agora, saio em solidão,
sequer rezando por mim.

Um maldito gozo ela deu;
gozo que sempre guardava
para outrem ou mesmo eu,
enquanto fingia que amava.