Desprezei tanto a pele alheia
e a minha própria,
que procuro agora, nos desvãos,
o Cristo que crucifiquei.
Tento abrir o coração,
que à muito fechei.
Sinto em mim, o cansaço
de séculos
e o calor de mil sóis.
A tristeza no olhar,
só reflete o que é a alma.
Choro pelo amor,
que se foi de nós.
Escrita estranha essa, da vida, à escrever bonito ou, às vêzes feio. À nos falar sorrindo ou, às vêzes meio...
terça-feira, 30 de março de 2010
quarta-feira, 24 de março de 2010
Desculpas
A moça pediu-me um poema
que no entanto, nunca fiz,
talves, por falta de rimas
ou, quem sabe, eu não quis.
A moça implorou uns versos,
fingi que ocupado estava,
disfarcei, fiz-me esquecido;
a desculpa que não rimava.
Quis me passar em branco,
porque sei, não merecia ela
com as minhas dores, rimar.
Fico cá, com o meu pranto,
outros poetas a façam bela;
meus poemas a fariam chorar !
que no entanto, nunca fiz,
talves, por falta de rimas
ou, quem sabe, eu não quis.
A moça implorou uns versos,
fingi que ocupado estava,
disfarcei, fiz-me esquecido;
a desculpa que não rimava.
Quis me passar em branco,
porque sei, não merecia ela
com as minhas dores, rimar.
Fico cá, com o meu pranto,
outros poetas a façam bela;
meus poemas a fariam chorar !
sábado, 20 de março de 2010
Sem dono
Às vezes, eu mudo a cor,
mudo de tom
porque já me sei de cor
e me entristeço com todo o cinza;
quero um arco-íris
e quero todas as cores.
Às vezes, eu mudo de casa,
mudo de mim,
me acho tão inquieto
nesses meus lugares;
quero novos ares.
Mas, não me abandono,
nem faço descaso.
Sou eu mesmo, me procurando;
verdadeiro cão sem dono.
mudo de tom
porque já me sei de cor
e me entristeço com todo o cinza;
quero um arco-íris
e quero todas as cores.
Às vezes, eu mudo de casa,
mudo de mim,
me acho tão inquieto
nesses meus lugares;
quero novos ares.
Mas, não me abandono,
nem faço descaso.
Sou eu mesmo, me procurando;
verdadeiro cão sem dono.
segunda-feira, 15 de março de 2010
Engano
Sei que tardiamente cheguei.
E cego que estava,
tampouco reparei
na casa ocupada.
Que olhei pelas janelas
e me enganei;
encontrei portas sem tramelas
e me aventurei.
Não percebi o pouco espaço
que me sobrava.
Ou talves, nem fosse eu
quem você esperava.
Tolice minha, eu sei,
própria da cegueira do amor.
Então, sequer fiquei;
me desculpei e saí,
arrastando a minha dor.
E cego que estava,
tampouco reparei
na casa ocupada.
Que olhei pelas janelas
e me enganei;
encontrei portas sem tramelas
e me aventurei.
Não percebi o pouco espaço
que me sobrava.
Ou talves, nem fosse eu
quem você esperava.
Tolice minha, eu sei,
própria da cegueira do amor.
Então, sequer fiquei;
me desculpei e saí,
arrastando a minha dor.
Pocotó
A reconhecia de longe.
Pelo som que fazia;
um pocotó firme, compassado.
Quando cavalgávamos,
era uma beleza.
Não usávamos sela,
era em pelo;
pele contra pele,
esfregação gostosa,
puro animal.
A gente cavalgando
e o suor escorrendo.
Uma delícia de cavalgada.
Foi embora, porque a oferta
foi irrecusável.
Todos sabemos que o dinheiro
compra quase tudo.
Então se foi,
trocou minha grama, pela grana.
Ah ! Que saudades da Pocotó !
Pastando agora, noutros pastos,
que não são os meus !
Pelo som que fazia;
um pocotó firme, compassado.
Quando cavalgávamos,
era uma beleza.
Não usávamos sela,
era em pelo;
pele contra pele,
esfregação gostosa,
puro animal.
A gente cavalgando
e o suor escorrendo.
Uma delícia de cavalgada.
Foi embora, porque a oferta
foi irrecusável.
Todos sabemos que o dinheiro
compra quase tudo.
Então se foi,
trocou minha grama, pela grana.
Ah ! Que saudades da Pocotó !
Pastando agora, noutros pastos,
que não são os meus !
domingo, 14 de março de 2010
Aleluia
Hoje, me entreguei
à paz de Leonard Cohen
e tive um domingo morno,
calmo e macio;
depois da tempestade, o estio.
Hoje, me propus à mim
e até que não foi tão ruim;
me encontrei no cinza e amoleci.
Confesso que chorei,
abri comportas à muito fechadas
e que careciam de limpeza.
Mas, não fui tristeza,
fui antes, descanso e sossego.
Aleluia !
à paz de Leonard Cohen
e tive um domingo morno,
calmo e macio;
depois da tempestade, o estio.
Hoje, me propus à mim
e até que não foi tão ruim;
me encontrei no cinza e amoleci.
Confesso que chorei,
abri comportas à muito fechadas
e que careciam de limpeza.
Mas, não fui tristeza,
fui antes, descanso e sossego.
Aleluia !
sábado, 13 de março de 2010
Sonhos e flores
Talves, tivesse ficado
querendo ser só flor,
enquanto era só cor,
enquanto só sonhava.
Eram lindos sonhares
com belos jardins;
tantas flores em mim,
tantos aromas dela.
E quando enfim, despertava
com sonhos de paixão,
ainda era a impressão
que nos sonhares, flor ficava.
querendo ser só flor,
enquanto era só cor,
enquanto só sonhava.
Eram lindos sonhares
com belos jardins;
tantas flores em mim,
tantos aromas dela.
E quando enfim, despertava
com sonhos de paixão,
ainda era a impressão
que nos sonhares, flor ficava.
Desdém
Não faz diferença,
se me olhas assim,
com olhares enviesados;
eu mesmo, olho para mim
e me vejo descorado.
Não faz diferença,
se eu olho para ti
com olhos de não te quero,
parecendo que nunca vi
e é por outra que espero.
Que diferença faz,
teus olhares de desdém,
teus olhares de pouco caso,
se os meus, são também
olhos do mais puro descaso.
se me olhas assim,
com olhares enviesados;
eu mesmo, olho para mim
e me vejo descorado.
Não faz diferença,
se eu olho para ti
com olhos de não te quero,
parecendo que nunca vi
e é por outra que espero.
Que diferença faz,
teus olhares de desdém,
teus olhares de pouco caso,
se os meus, são também
olhos do mais puro descaso.
terça-feira, 9 de março de 2010
Amassos
Hoje, acordei meio amassado
das trombadas que levei ontem.
Também, andar na contra mão,
dá nessas coisas;
você amassa todo mundo,
se amassa e haja massa
pra por tudo no lugar.
E depois, ainda fico puto
dessa minha vida.
Não consigo me olhar no espelho,
fico meio perdido, aturdido,
com cara de pentelho.
E haja saco pra me aturar;
eu mesmo, não consigo.
Pior, é que não lembro com quem
fui pra minha casa.
Não sei foi com a vizinha putinha
ou com a vizinha dama.
Não sei se dei uma foda gostosa,
ou se fodi com a paciência dela.
Bem, mais tarde descubro isso.
Se tiver coragem de me olhar e
descobrir afinal, o que quero de mim
e o que quero da vizinha,
que não é puta, nem dama,
mas, sempre acaba na minha cama.
das trombadas que levei ontem.
Também, andar na contra mão,
dá nessas coisas;
você amassa todo mundo,
se amassa e haja massa
pra por tudo no lugar.
E depois, ainda fico puto
dessa minha vida.
Não consigo me olhar no espelho,
fico meio perdido, aturdido,
com cara de pentelho.
E haja saco pra me aturar;
eu mesmo, não consigo.
Pior, é que não lembro com quem
fui pra minha casa.
Não sei foi com a vizinha putinha
ou com a vizinha dama.
Não sei se dei uma foda gostosa,
ou se fodi com a paciência dela.
Bem, mais tarde descubro isso.
Se tiver coragem de me olhar e
descobrir afinal, o que quero de mim
e o que quero da vizinha,
que não é puta, nem dama,
mas, sempre acaba na minha cama.
Sem querer
Eu estava querendo ser,
mas, percebi que querendo,
eu não seria.
Porque o que eu queria,
já o tinha dentro de mim.
Então, me aquietei,
não mais me procurei.
Melhor ficar quieto, assim,
eu, só eu e minha solidão;
eu, só eu e meu coração !
mas, percebi que querendo,
eu não seria.
Porque o que eu queria,
já o tinha dentro de mim.
Então, me aquietei,
não mais me procurei.
Melhor ficar quieto, assim,
eu, só eu e minha solidão;
eu, só eu e meu coração !
segunda-feira, 8 de março de 2010
Mãe, mulher
Me criei na barra da saia de uma,
me soltei no mundo atrás d' outra
e me vi rodado na baiana d' alguma.
Cheirei flores e matos de tantas,
me alimentei em leites e licores
e me vi em cores e brancos.
E, no entanto, empalideci,
quase morri com o adeus dela.
Se pudesse, correria sempre
para os braços de mãe.
Se quisesse, levaria todas as minhas dores
para os abraços que confortam;
que uma coisa, aprendi só depois:
de todos aqueles caminhos,
só um valeu tanto a pena.
De todos os meus caminhos,
só o teu, entre uma centena !
me soltei no mundo atrás d' outra
e me vi rodado na baiana d' alguma.
Cheirei flores e matos de tantas,
me alimentei em leites e licores
e me vi em cores e brancos.
E, no entanto, empalideci,
quase morri com o adeus dela.
Se pudesse, correria sempre
para os braços de mãe.
Se quisesse, levaria todas as minhas dores
para os abraços que confortam;
que uma coisa, aprendi só depois:
de todos aqueles caminhos,
só um valeu tanto a pena.
De todos os meus caminhos,
só o teu, entre uma centena !
terça-feira, 2 de março de 2010
Incômodo
Me cabe um pequeno espaço na tua cama,
que me pergunto como é que não caio
daquele ínfimo espaço.
Me pergunto porque não me aproximo do meio;
dos teus seios.
Me sobra um pequeno espaço na tua vida,
que me admiro de por êle,
ainda poder passear;
passeio triste e medroso, com medo
de não ter licença para entrar.
Me resta tão pouco de nós,
que já não enxergo a parte que me cabe
e nem entendo porque, você podendo alargá-la
ou, simplesmente tomá-la, não o faz.
Só me deixa encolhido nessa foto 3 X 4
e nem me leva na bolsa.
Fico no cantinho da cômoda.
Incomodado.
que me pergunto como é que não caio
daquele ínfimo espaço.
Me pergunto porque não me aproximo do meio;
dos teus seios.
Me sobra um pequeno espaço na tua vida,
que me admiro de por êle,
ainda poder passear;
passeio triste e medroso, com medo
de não ter licença para entrar.
Me resta tão pouco de nós,
que já não enxergo a parte que me cabe
e nem entendo porque, você podendo alargá-la
ou, simplesmente tomá-la, não o faz.
Só me deixa encolhido nessa foto 3 X 4
e nem me leva na bolsa.
Fico no cantinho da cômoda.
Incomodado.
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