O nosso pecado, nem é pecado,
é mais um certo desacato;
pacato roçar de corpos
que eriçam pêlos e peles.
É uma esfregação de almas,
que já não vivem mais sós;
nós que se ataram firmes
em ingênuos desalinhos.
Caminhos que, paralelos,
às vêzes se tocam.
O nosso pecado, é namoro
que nos divide um pouco,
para juntar lá na frente;
indecente sussurro do vento,
que traz recados aos ouvidos
e estes, nem sempre escutam,
fazem-se surdos e moucos.
Poucos somos e bastante
para se contentar conosco.
Somos tudo isso em enrosco
e por isso, só por isso,
nosso pecado nos salva,
nos dá asas e rezas.
Então, oramos aos nossos santos,
nem tanto atrás de perdão
e fazemos dos nossos corpos,
a nossa santa oração !
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