sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Bainha

Faca afiada aquela,
a do pai,
lhe rasgando toda noite;
corte profundo e gostoso.
E ela, sem poder dizer um ai,
que ao lado, a mãe à dormir
ou à fingir.
Se ao menos, ela viesse
lhe acudir.

E aquela ponta,
no corte reto que tinha.
E o seu pai,
a lhe chamar de rainha.
E a sua mãe,
que demorava e não vinha.
E a quentura gostosa,
a lâmina, a bainha.

Só não entendeu,
quando no viço de coisa nova,
chegou rindo, quando viu
a barriga que brotou
e mãe, não sorriu,
só chorou !

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