Me perguntam se não tenho medo
de viajar nas tuas negras asas,
embarcar no teu vão calabouço,
espremido entre costelas casas.
Respondo que o medo que sinto,
é o de perder tua sombra amiga
e perder mais do que eu tenho,
que não seja a tua foto antiga.
Me perguntam se não tenho medo
da tempestade que te acompanha
e da peste que fere feito espinho.
Digo que é prazer, sentir teu dedo
no arranhão que fere e que lanha;
quero a sombra do teu ninho !
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